Mais de 250 mil condutores de mototáxi ganham a vida dirigindo pelas ruas de Benin, na África Ocidental. E muitos têm enfrentado doenças associadas à poluição causada pelo uso de veículos movidos a combustíveis fósseis, informa o jornal The Guardian.
Apesar de ser um país pequeno (um pouco maior do que o nosso estado de Pernambuco), Benin responde por 0,6% das emissões globais de gás carbônico. Desses gases poluentes, 65% são produzidos pelos meios de transporte no país.
A poluição do ar é a segunda maior causa de morte no continente africano, e tem sido associada a doenças do coração, AVCs e câncer do pulmão, entre outras enfermidades. Mais de um milhão de africanos morreram prematuramente de doenças relacionadas à poluição do ar em 2019 —um sexto da estimativa global de 7 milhões de mortes por ano.
Além disso, as emissões de gases de efeito estufa vêm crescendo a uma taxa de 7% ao ano. E o custo econômico da poluição do ar nas cidades africanas aumentará 600% nos próximos 18 anos se não forem tomadas medidas urgentes, aponta um relatório do Clean Air Fund.
Por isso a busca por modais de transporte mais sustentáveis tem crescido. Em Benin, por exemplo, há cerca de 100 mil novos registros de bicicletas por ano.
Em julho de 2022, a fabricante indiana M Auto começou a vender suas motos elétricas no país. Hoje, 2.000 estão em circulação, e a expectativa da empresa é chegar a 25 mil até o final de 2023, computando não só Benin, mas também Togo e Ruanda.
A experiência dos mototáxi
O The Guardian conversou com Georges Amadou (nome fictício), 35 anos, um dos mototaxistas que estão usando a moto elétrica. “Estou impressionado por não precisar fazer manutenção, como trocar o óleo. A moto é confortável e silenciosa”, diz.
Sua preocupação é com a bateria. A M Auto tem estações de troca de bateria, como as adotadas aqui na parceria entre iFood, Voltz e Turbo (hub de inovação da Ipiranga) para oferecer a moto elétrica para entregadores.
No Benin, quando a bateria acaba (após cerca de 100 km de rodagem), os motoristas devem ir à estação e pagar para trocar a vazia por uma cheia —no modelo do iFood, os entregadores pagam um plano mensal a partir de R$ 129 para trocar as baterias. “Gostaria que a bateria tivesse uma vida mais longa. Se eu quiser sair da cidade é um pouco limitador porque não tem muitos postos de troca.”
Já Domingos conta que gostaria de comprar uma moto elétrica, mas que ela ainda não cabe no seu bolso. O custo das trocas diárias de bateria equivaleria a 4.000 francos africanos (cerca de R$ 34), o que é mais caro do que abastecer seu tanque com 3.000 francos africanos (R$ 25) a cada dia de trabalho.
Shegun Bakari, CEO da M Auto, diz entender o tamanho do obstáculo, principalmente em um país onde 40% da população vive abaixo da linha da pobreza. Por isso, ele planeja aumentar os pontos de recarga para as baterias e tenta persuadir governos africanos a reduzir impostos de veículos elétricos e construir uma usina solar para fornecer a energia extra que será necessária.