Mais de cinquenta anos depois da primeira viagem humana à Lua, a agência espacial norte-americana NASA prepara uma nova missão tripulada ao satélite natural da Terra. Para isso, o programa, que recebeu o nome Artemis (em homenagem à irmã gêmea de Apolo na mitologia grega), selecionou 18 astronautas que poderão pisar na Lua entre 2025 e 2026. E essa será uma missão toda especial: pela primeira vez, mulheres e pessoas negras poderão conquistar seus lugares ao lado dos 12 homens brancos que já realizaram o feito, informa a BBC Brasil.
Representando a metade da tripulação selecionada para o programa, as mulheres terão espaço em diversas missões. Uma das favoritas para embarcar na operação Artemis III é Stephanie Wilson: veterana de três missões do programa do ônibus espacial, foi a segunda mulher negra a ir ao espaço na história.
Pessoas não brancas também compõem metade dos astronautas escolhidos para o projeto. De acordo com a astrofísica britânica Jennifer Millard, medidas inclusivas pela diversidade são um passo importante. “Como as pessoas dizem, é ver para crer, e a questão da representação é crucial”, diz.
Hoje em dia, o processo seletivo para astronautas demanda apenas dois requisitos: que os candidatos sejam cidadãos dos Estados Unidos e tenham mestrado nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
Apesar do acesso teoricamente mais aberto à inclusão, as estatísticas mais recentes da UNESCO mostram que, em 2017, apenas 35% dos estudantes dessas áreas do conhecimento eram mulheres, e um estudo do Pew Research demonstra que, em 2018, somente 7% dos diplomas de graduação das áreas foram recebidos por pessoas negras.
Missão para Marte
Na NASA, o cenário não é diferente: de acordo com estatísticas da própria agência, apenas 35% da força de trabalho é representada por mulheres e 30% por não-brancos, dos quais 12% são pessoas negras e afro-americanas.
É por isso que a inclusão de mulheres e pessoas negras no programa é tão relevante: “parte da missão Artemis é mais do que ciência e exploração. Está tentando inspirar as melhores mentes a entrar na astronomia e no espaço, e isso começa com aumentar esses números”, afirma Millard.
Algumas mudanças em cargos de liderança na agência já estão sendo feitas. A diretora de lançamento do Artemis I — o primeiro voo da operação, não tripulado — é Charlie Blackwell-Thompson, a primeira mulher a ocupar esse posto em uma missão.
Além do potencial de despertar o interesse de novos talentos pela astronomia, o Artemis tem outro objetivo ambicioso para o futuro: delinear caminhos para uma possível missão tripulada para Marte. Além disso, são inúmeras as contribuições científicas que novas expedições para a Lua podem trazer, como a investigação da presença de água congelada e a busca por pistas sobre a formação do Sistema Solar, por exemplo.