É o fim do trabalho das 9h às 18h? Conheça a jornada não linear

Em vez de priorizar horários fixos de trabalho, empresas dão liberdade para funcionários administrarem seu próprio tempo

Será o fim da clássica jornada de trabalho que vai das 9h às 18h, com uma hora de almoço no meio? Sem impor a obrigatoriedade de bater ponto em horários fixos de entrada e saída, o trabalho remoto, popularizado na pandemia de Covid-19, abriu espaço para um novo formato: a jornada não-linear, informa a BBC Brasil.

Isso porque a possibilidade de trabalhar de casa abriu caminhos para o trabalho assíncrono, que pode ser feito no momento mais adequado ao ritmo de cada um: há quem prefira realizar funções que exigem mais concentração de madrugada, quando é mais silencioso, ou pessoas que gostam de adiantar projetos de manhã cedo, por exemplo.

Muito popularizado em empresas de tecnologia, esse modelo de trabalho mais flexível já é um fator decisivo para fidelizar funcionários nessa área. Segundo uma pesquisa da consultoria McKinsey, 40% dos entrevistados afirmam que a flexibilidade de trabalho é um dos principais motivadores para permanecer ou não em uma empresa.

Essas jornadas mais flexíveis estão mais alinhadas aos chamados trabalhos do conhecimento, que exigem, principalmente, formação, informações e inteligência dos trabalhadores, explica Aaron De Smet, sócio da McKinsey. Nesse modelo, a criatividade e a produtividade são priorizadas, em vez do chamado presenteísmo, modalidade que entende a presença física dos funcionários como sinal de que o trabalho está sendo desempenhado.

Para Laura Giurge, professora de ciências do comportamento da London School of Economics and Political Science, o foco das empresas em jornadas de trabalho não lineares deixa de estar em quando ou onde os funcionários trabalham e passa a ser o cumprimento do trabalho. “Os gerentes ficam responsáveis por definir os objetivos e a visão para os funcionários, mas não dizem a eles como devem chegar lá”, diz.

Benefícios do trabalho assíncrono

A proposta das jornadas de trabalho não lineares demonstra que, mesmo com intervalos e horários não fixos, a produtividade se mantém —ou pode até mesmo aumentar. Isso porque o tempo gasto com transporte ou o tempo ocioso no escritório pode ser usado para tarefas domésticas ou pessoais, por exemplo.

Assim, profissionais têm mais tempo para praticar exercício, ficar com a família e usar o tempo de intervalo durante o trabalho para o que acharem melhor, sem abrir mão da produtividade. “Agora, eles podem ter mais vida pessoal e completar o seu trabalho. E, para as empresas, o trabalho que está sendo feito muitas vezes é criativo, inovador e emocional — mas bem-feito, em ambientes otimizados e flexíveis”, explica De Smet.

Mesmo com essa flexibilidade, é ideal que haja alguns períodos de trabalho sincronizados entre as equipes de trabalho, explica De Smet. Para ele, é preciso estabelecer orientações para que os funcionários não se afastem demais de um cronograma funcional. Reuniões e brainstormings seriam, segundo ele, soluções de trabalho colaborativo em que todos da equipe se juntam para desempenhar as funções que necessitam de ajuda coletiva.

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