Gustavo Vitti fala sobre diversidade e futuro do trabalho

Vice-presidente de Pessoas e Sustentabilidade do iFood conta também o que busca em profissionais em podcast da Band sobre mercado de trabalho

Para Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Sustentabilidade do iFood, a vulnerabilidade também deve ser um exemplo transmitido por bons líderes. Esse foi um dos temas sobre os quais o executivo falou em uma entrevista concedida para o podcast “Passa Lá no RH”, da Band.

Gustavo abordou ainda a relação entre diversidade e segurança psicológica, as novas gerações de profissionais, o futuro do trabalho, inovação e os desafios do cargo que ocupa. E também enumerou três competências que não podem faltar para quem pensa em trabalhar no iFood.

Confira, a seguir, os principais temas dessa entrevista.

Agilidade de startup

Para Gustavo, seu grande desafio hoje, como líder de recursos humanos do iFood, é manter na empresa o espírito de uma startup, de “fazer a diferença com agilidade, causando impacto positivo no país”. 

Isso porque a empresa que triplicou seu número de colaboradores em dois anos e meio – e descentralizou operações pelo país. Além disso, “boa parte dessas pessoas começou a trabalhar de forma remota”, lembrou.  

Olhar para a inovação

O segredo para atingir objetivos nesse contexto, revela o executivo, é manter o olhar para a inovação de uma maneira descentralizada na organização. “A primeira chave para as empresas que inovam de maneira muito rápida é a descentralização nas tomadas de decisão”, afirmou. “As pessoas têm autonomia para inovar com uma visão em comum.”

Diversidade e segurança psicológica

Ao falar sobre diversidade no iFood, Vitti destacou a necessidade de as pessoas de diferentes grupos se sentirem “psicologicamente amparadas e seguras” ao trabalhar na empresa.

Assim, além de realizar anualmente o “censo iFood”, para apurar dados relativos à inclusão de diversos públicos nos quadros da companhia, o iFood desenvolveu uma pesquisa interna de Índice de Segurança Psicológica (ISP). Ela se baseia na metodologia de uma professora da Universidade Harvard, Dra. Amy Edmondson.

Em um ranking de 0 a 10, o iFood melhorou sua média do índice entre 2021 e 2022, passando de 8,5 para 8,7. “Existem 26 pessoas que se declaram trans hoje dentro do iFood, e o nível de segurança psicológica desse grupo é de 9,2”, pontuou.

Aprender com o erro

A segurança proporcionada na empresa também diz respeito à possibilidade de errar. “Conversamos muito sobre vulnerabilidade no iFood”, frisou o executivo. “Toda vez que alguém erra em um projeto, publicamente falamos: ‘O que aprendemos com esse erro? O que poderíamos ter feito diferente?’”

A diversidade em benefícios

Gustavo salientou que ter um grupo extremamente diverso de pessoas que pensam de formas diferentes traz muitos benefícios para uma empresa. “Essa visão heterogênea traz muito mais inovação”, argumentou. 

“Mas, para esse ambiente não se tornar uma torre de Babel, temos de ajudar as pessoas a entenderem como elas aceitam e exaltam as diferenças”, ressaltou. “Dá muito trabalho, mas faz muito sentido e é muito prazeroso também.”

No iFood, esse movimento envolveu muitos esforços de “conscientização e letramento, com a criação de vários canais e incentivos dentro da empresa”.

Como exemplos dessas iniciativas, ele citou as bolsas para estudo de línguas, que são maiores para pessoas da base do iFood uma vez que esse abatimento é mais impactante para elas.

Outro projeto relevante é o de apoio para todo o processo de transição de gênero de colaboradores, com o custeamento de aspectos médicos e jurídicos. “Observamos benefícios de acordo com as necessidades específicas de cada grupo”, caracterizou.

O VP de Pessoas e Sustentabilidade mencionou ainda o foco do iFood na contratação de pessoas negras, mulheres e pessoas com deficiência. Também há a preocupação em incorporar ao time pessoas que atuaram como entregadoras e, assim, conhecem na pele os problemas enfrentados pela categoria.

Competências para a contratação

Que competências um profissional precisa ter para trabalhar no iFood? Gustavo também tratou dessa questão na entrevista. “Mesmo por valorizarmos a diversidade, não tem uma fórmula de bolo, mas há pré-requisitos básicos”, afirmou.

Três grandes atributos foram elencados por ele  para o perfil de quem entra para o time da empresa. “Em primeiro lugar, é preciso ter muita garra, que é o que motiva e faz seguir em frente mesmo em tempos difíceis e turbulentos”, disse.

“O segundo ponto é curiosidade, uma mentalidade de crescimento. Tudo o que a gente aprendeu daqui a cinco anos será praticamente inútil. Se não tivermos essa curiosidade de ir atrás, aperfeiçoar e aprender cada vez mais, ficaremos obsoletos e obsoletas. Uma pergunta que derruba muita gente nas entrevistas é: ‘Quando foi a última vez que você aprendeu alguma coisa incrível?’”

Por fim, o executivo incluiu na lista o item “ter um coração bom”: “Acreditamos em pessoas que querem fazer o bem, ter impacto positivo, fazer a diferença na Terra”.

Líderes vulneráveis

Ao analisar o papel do líder como exemplo para quem ainda não ocupa tal posição, Gustavo apontou a “importância de as lideranças também se colocarem em situações de vulnerabilidade”. 

“Falar sobre isso cria uma ponte com as pessoas que se espelham nos líderes. A pandemia acelerou isso, mas precisamos acelerar muito mais”, considerou.

“Quando eu trabalhava em Singapura, meus amigos pensavam que eu estava superbem, ganhando em dólar, viajando pelo mundo. E eu estava com depressão. Essa dicotomia de a grama do vizinho estar mais verde que a sua atrapalha muito a carreira das pessoas”, concluiu.

Assim, a compreensão de que os profissionais que estão no topo também enfrentam momentos de fragilidade faz com que quem ainda não alcançou esse status sinta-se mais capaz de chegar lá ao deparar-se com as próprias dificuldades.  

Impacto presente e plano de carreira

Mais do que traçar planos de carreira a longo prazo, Gustavo disse acreditar na convicção de gerar impacto positivo continuamente. “Mirar para fazer o melhor a cada dia, cercado de pessoas boas”, definiu. “O propósito é combustível, o trabalho é disciplina e fé de que as coisas vão acontecer.”

Novas gerações e o papel das empresas

Muita gente critica a falta de garra e resiliência de quem entra agora no mercado de trabalho. A fama é de que esses jovens desistem dos desafios diante dos primeiros obstáculos.

“A nova geração precisa entender um pouco mais o porquê do sacrifício”, analisou o VP de Pessoas e Sustentabilidade do iFood. “Precisa de alguém que a ajude, acolha e explique que as dificuldades são normais e que há benefícios em ter um propósito bacana, em uma conversa adulta que é cada vez mais papel das empresas também.”

Trabalho no país do futuro

Ele se declara como um “otimista nato” ao analisar o futuro do trabalho no Brasil. “O trabalho vai mudar bastante no país, que será uma potência tecnológica”, afirmou. “Sou de uma geração que nasceu escutando que o Brasil é o país do futuro. Temos tudo para construir esse país do futuro nos próximos dez anos. Tem muita intenção, especialmente do mundo privado, de fazer essa realidade se concretizar.”

Nesse cenário, o executivo enxerga a tecnologia como meio para “trabalhos mais significativos, de propósitos e impactos cada vez maiores”.

Para a próxima década, Gustavo diz acreditar “que as relações de trabalho sejam muito mais descentralizadas, com muito mais autonomia, domínio da tecnologia e funções que vão ter muito mais propósito e significado para todas as pessoas”. “Estou trabalhando duro para isso”, finalizou.

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