Quanto custa o aquecimento global?

Só o Brasil tem perda estimada de 5% do PIB per capita anual por causa dos prejuízos causados pelas mudanças climáticas, revela estudo

Além dos prejuízos ambientais, o aquecimento global também está causando prejuízo à economia dos países, especialmente os mais pobres, aponta um artigo da Nature. De acordo com um estudo recém-publicado, os países de baixa renda e localizados em regiões tropicais são os mais impactados por essas perdas.

O estudo analisou as consequências econômicas das ondas de calor no mundo durante um período de 20 anos e estima que a economia global tenha perdido de US$ 5 trilhões a US$ 29 trilhões entre 1992 e 2013.

Esse seria o resultado do aquecimento global causado pelas atividades humanas. A situação foi pior nos países tropicais mais pobres, onde a renda nacional teve uma redução média de 6,7% no período, enquanto a de países de alta renda retraiu 1,5%.

“Dias muito quentes são uma das maneiras mais tangíveis de sentirmos as mudanças climáticas”, diz o coautor do estudo, Christopher Callahan, do Dartmouth College. “Sabemos que eles destroem as colheitas, reduzem a produtividade e causam mais lesões no local de trabalho.”

O estudo mostra que regiões de baixa renda que tendem a ter clima quente sofrem mais com o aumento das temperaturas, apesar de suas emissões serem muitas vezes muito menores do que as das regiões mais ricas do planeta. 

Justiça climática

O Brasil, a Venezuela e o Mali ficaram entre os países mais atingidos, com redução de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) per capita anual se comparado com o que teria sido sem as ondas de calor causadas. Já em países como Canadá e Finlândia, a queda foi de 1%.

Por causa desses resultados, o estudo destaca a necessidade de políticas focadas na justiça climática. As consequências desiguais do aquecimento global são “algo sobre o qual já se falou bastante qualitativamente antes”, diz Vikki Thompson, cientista do clima da Universidade de Bristol (Reino Unido), para quem a análise “conseguiu realmente quantificá-la”. 

Por fim, os pesquisadores enfatizam a necessidade de os países ricos pagarem sua parte, diz Erich Fischer, cientista climático do Instituto Federal Suíço de Tecnologia em Zurique. “Dado o fardo desigual e a parcela de emissões históricas, o norte global precisa apoiar o sul global em termos de lidar com esses efeitos adversos.”

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