Vale a estatueta? As comidas que estrelam filmes do Oscar 2023

Descubra, nos favoritos da noite, pratos e alimentos que nos divertem, confortam e fazem pensar

Cinema é emoção. Como explicar, por exemplo, tantas atenções vidradas e comovidas quando, na premiação mais famosa da Sétima Arte, alguém abre o envelope e solta a célebre frase: “E o Oscar vai para…”? 

Comida também emociona, especialmente na tela. Tanto que ela faz parte de uma infinidade de cenas tocantes de incontáveis filmes, inclusive dos que estão concorrendo ao Oscar 2023.

Curiosamente, o longa de 2022 que mais faz referências à gastronomia não concorre a nenhuma estatueta. Trata-se de “O Menu”, filme americano que levanta bem o tema do caráter emocional da comida. 

Na trama, que segue a ordem dos pratos servidos em um restaurante, um famoso chef de cozinha prepara pratos sofisticados com uma habilidade impecável. Mas será que só a competência técnica é suficiente para “pegar” alguém pelo estômago? No filme, parece que a comida nem sempre traz felicidade…

Mas pode trazer a resposta para os mistérios da vida (ou causar boas risadas). Um dos favoritos a levar a estatueta entre os melhores filmes do Oscar 2023, “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, que concorre em 11 categorias, um bagel de repente vira o protagonista em um das dimensões visitadas pela protagonista, uma imigrante chinesa em crise existencial. Mas, em vez de ser deglutido, ele deve ser decifrado.

Salsichas estrelam momentos de humor em “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”

O longa também reinventa o papel das salsichas em um dos momentos de humor e de situações absurdas do longa, mostrando que a comida pode, sim, estrelar uma comédia.

Outro favorito da noite, “Triângulo da Tristeza” (vencedor da Palma de Ouro em Cannes), traz em uma de suas principais cenas a comida como questionamento das desigualdades sociais –que vem à superfície quando se percebe que o navio de luxo onde estão os personagens vai afundar. 

Como em “O Menu”, pratos como ostras e caviar são servidos com muita pompa ao lado de champanhe e se tornam os coadjuvantes de uma cena dantesca que nos faz pensar se ter (muito) dinheiro realmente satisfaz alguém.

Ostras e caviar são alguns dos pratos sofisticados servidos a bordo do navio de “Triângulo da Tristeza”

Comida afetiva nos filmes do Oscar 2023

A comida tem também um caráter emocional que não fica fora do cardápio dos filmes do Oscar 2023. Por isso, sua presença não poderia faltar em um filme que fala de solidão e amizade.

Em “Aftersun”, filme de estreia da diretora escocesa Charlotte Wells, a performance de Paul Mescal o credenciou a concorrer pela estatueta de melhor ator.

No entanto, a riqueza do longa não se restringe à atuação de Mescal. As sutilezas da obra abrem espaço para participações que, embora menores e pontuais, têm um valor grandioso para a mensagem que o filme nos passa.

Assim, um sorvete que pai e filha tomam juntos adquire um protagonismo singular na trama. Um simples sorvete, mas que carrega em sua essência muito da sintonia que os personagens principais buscam na relação entre eles.

Em “Aftersun”, um sorvete dividido entre pai e filha nos lembra do papel afetivo da comida

Um sabor pode representar todo um verão que tenha sido fundamental para a memória de um afeto.

Outro filme britânico, “Os Banshees de Inisherin” (que concorre a nove Oscars), situa os conflitos humanos em uma ilha fictícia um tanto isolada do resto do mundo, localizada na costa da Irlanda. 

Quando uma amizade de longa data é rompida de forma unilateral, o protagonista tenta achar respostas (e consolo) na companhia da irmã, de sua burrinha e de um novo amigo. E com ele reparte alimentos reconfortantes, como o mingau de aveia e o cozido.

O tradicional mingau de aveia conforta o protagonista de “Os Banshees de Inisherin”

Mas e o sanduíche do Elvis?

Comida, afeto e personalidade andam tão juntas que, mesmo quando o sanduíche preferido de um personagem famoso não dá as caras em um filme sobre ele, sentimos a falta desse complemento gastronômico de sua biografia.

O filme “Elvis”, que retrata o artista americano, também está na lista dos indicados ao Oscar.

E, mesmo que uma iguaria que se tornou emblemática nos hábitos culinários do cantor não dê as caras no longa, é inevitável que nos lembremos dela ao assistirmos a um filme sobre a vida desse ícone do rock.

O lanche favorito do astro combinava dois pães, bacon, manteiga de amendoim e banana assada. 

Peculiar? Talvez, então, mereça uma estatueta que nem consta das tradicionais do Oscar. Que tal eleger o sanduíche do Elvis como a comida afetiva mais emblemática dessa relação, mesmo ela não aparecendo em cena no filme?

Isso porque comida é mesmo um componente tão fundamental da nossa emotividade que muitas vezes basta uma memória de um sabor, um aroma, um tempero para despertar nossas mais íntimas sensações.

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