Em parceria com a Termine Seus Estudos, o iFood concedeu bolsas para entregadores e entregadoras concluírem os estudos por meio do programa Meu Diploma do Ensino Médio, com curso de preparação para o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), teste que dá aos aprovados o certificado de conclusão do Ensino Médio.
“O Encceja tem muitas perguntas de vivência de vida, coisas do dia a dia, são experiências reais. Então é uma prova para jovens e adultos. A média de idade do Encceja é 30 anos”, comenta Tiago Dias, fundador do Termine seus Estudos.
Em entrevista ao iFood News, ele fala um pouco mais sobre a prova do Encceja e de sua importância para melhorar as perspectivas profissionais de quem não terminou os estudos —leia a seguir.
iFN – Como é a parceria de vocês com o iFood?
Tiago – Nós somos uma plataforma de educação 100% online e ofertamos cursos para preparar os alunos para fazer a prova do Encceja. Antes de abrirem as inscrições para o Encceja [de 2022], o iFood nos procurou. Fizemos parte da rodada de avaliação e eles acabaram selecionando a nossa plataforma.
Então, hoje nós prestamos serviço para o iFood. Foram quase 5.000 bolsas ofertadas para toda a rede de parceiros da empresa, principalmente os entregadores. Eles começaram o curso em maio e estudaram por três meses.
iFN – Por você considera essa prova mais adequada pedagogicamente?
Tiago – Se a gente comparar com o Enem, que foi usado na conclusão do Ensino Médio de 2009 a 2016, veremos que o Enem não tem um caráter de prova de certificação do ensino médio. Ele é uma prova para qualificar os jovens e adultos, principalmente depois do novo Enem, que é uma porta de entrada para o ensino superior.
O Encceja, o próprio nome diz, é o Exame Nacional de Certificação de Competência de Jovens e Adultos. Então ele nasce com essa natureza e é uma prova extremamente adequada pedagogicamente para fazer essa certificação.
A começar pelo número de questões, que é reduzido. São 30 perguntas, com apenas 4 alternativas, e não 5. Além disso, é uma prova mais curta, então a pessoa que está afastada da escola há muitos anos consegue ler a prova.
Por fim, o Encceja aborda mais a vivência prática, tem muitas perguntas sobre coisas do dia a dia e experiências reais. Então é uma prova para jovens e adultos. A média de idade de quem presta Encceja é 30 anos.
iFN – Por que é importante essas pessoas terminarem seus estudos?
Tiago – A importância disso é brutal, né? A gente costuma falar que o Ensino Médio é a primeira certificação reconhecida pelo mercado, é o primeiro degrau. Hoje, em um mercado cada vez mais sofisticado, o Ensino Médio é exigido para tudo.
Mesmo para exercer as funções operacionais mais simples, as empresas organizadas vão sempre pedir e olhar para o grau de escolaridade. E não só porque o Ensino Médio é o primeiro degrau, ou seja, é a porta de entrada, mas porque o certificado do ensino médio é exigido para qualquer outra especialização que a pessoa desejar cursar, como faculdade, curso técnico, cursos profissionalizantes. Até mesmo alguns cursos em áreas livres que são mais específicos exigem o diploma.
A gente vê pelo próprio relato dos alunos. Eu sempre faço essa pergunta para eles, e é impressionante a resposta, que é meio unânime. Eu pergunto: “o que mais mudou na sua vida quando você pegou o seu diploma?”. E a resposta que eles mais dão é: “tudo”.
Aí, eles explicam que mudou como eles se veem, como as pessoas os veem, mudou o mercado, porque podem fazer faculdade, concurso, podem ter acesso a algo que nunca tiveram, que é ter portas abertas. Enfim, eles podem sonhar.
iFN – Como vocês apoiam esses estudantes para não desistir do curso para o Encceja?
Tiago – O que a gente faz primeiro é a divulgação da informação nos nossos canais de comunicação. A gente tem um canal do YouTube, e lá a nossa principal bandeira é motivar essa pessoa, pegar essa fagulha que acendeu e mostrar que é possível. Que não precisa parar a vida dela, e provar que o Encceja é muito mais simples do que ela imagina.
As pessoas não têm um conhecimento técnico sobre a prova. Elas imaginam que vão ter que estudar todo o conteúdo do primeiro ano, segundo ano e terceiro ano. Mas digo que não tem problema, porque só precisa comprovar que você tem os conhecimentos mínimos.
Então, a principal arma é a informação de como a prova funciona, e a segunda é a motivação. Mostrando de verdade histórias de pessoas, que às vezes sabiam menos que elas, que pararam, que estavam sem estudar há mais tempo que elas, de pessoas que pararam no primário, que entenderam conceitos básicos, foram fazer a prova e conseguiram a certificação.
iFN – Já é possível estimar o estrago da pandemia no abandono escolar?
Tiago – O estrago que a pandemia fez na educação foi gigantesco, principalmente porque as escolas ficaram fechadas por quase um ano e meio. Os alunos da rede pública sofreram infinitamente mais porque nem sempre têm acesso à internet.
E houve um desestímulo também, nesse sentido, porque os jovens ficaram um ano e meio ou um ano, no mínimo ali, sem ter acesso à escola. Então começaram a ter um outro outro ritmo de vida e depois tiveram muita dificuldade de voltar.
A gente tem o diagnóstico de que esses números vão aparecer no Encceja. Deve haver uma procura maior nos próximos anos em virtude desses jovens que abandonaram agora e que não querem mais voltar para a escola, porque reprovaram ou estão fora da idade da sala deles.