Como superar os desafios da transformação digital

Como viabilizar uma transformação digital em um país tão grande, diverso e desigual quanto o Brasil? Esse desafio esteve no centro do debate promovido no painel “Instigando a Revolução Tecnológica do Brasil”, da Brazil Conference, evento realizado online entre os dias 11 e 17 de abril.

Diego Barreto, vice-presidente de finanças e estratégia do iFood, participa de debate sobre o papel da educação, dos investimentos e das empresas na revolução tecnológica

Como viabilizar uma transformação digital em um país tão grande, diverso e desigual quanto o Brasil? Esse desafio esteve no centro do debate promovido no painel “Instigando a Revolução Tecnológica do Brasil”, da Brazil Conference, evento realizado online entre os dias 11 e 17 de abril.

Diego Barreto, vice-presidente de finanças e estratégia do iFood, participou do painel e debateu o tema com Julio Vasconcellos (Atlântico VC), Sabine Righetti (Agência Bori), Camila Farani (G2 Capital) e Rodrigo Barcia (Neoway).

Para eles, acelerar a digitalização depende de três pilares: capital humano, capital financeiro e políticas públicas. Confira, a seguir, os principais pontos discutidos neste debate, que pode ser assistido na íntegra no YouTube (o painel começa a partir de 8h45).

Capital humano: empresas investem na educação

Para Diego Barreto, a tecnologia é um fator crucial para fazer a economia avançar com redução da desigualdade social. “A beleza da tecnologia é que ela está permitindo, pela primeira vez, acelerar a carreira ou dar oportunidade a talentos, porque o ensino da tecnologia não demanda uma formação típica tradicional”, disse ele durante o evento.

As empresas de tecnologia, aponta Barreto, podem colaborar para essa aceleração de carreira oferecendo programas de educação e de capacitação —como o Potência Tech, realizado em parceria com escolas com foco no ensino de tecnologia. “Isso não vai mudar o Brasil de um dia para o outro, mas é uma janela de oportunidade nunca antes vista sob essa ótica”, disse.

Além disso, Barreto acredita que empresas e universidades devem aprender a trabalhar juntos para encontrar uma maneira de atingir os mesmos objetivos. Ele citou o compromisso do iFood em incentivar a produção de conhecimento científico, como as parcerias firmadas com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Federal de Goiás.
Mas criticou a falta de políticas públicas e de diálogo entre empresas e universidades. “Assim como cobramos que o governo seja mais Estado, as empresas precisam ser menos ‘curto prazistas’”, avaliou.

Mais acesso ao capital financeiro

Quanto ao capital financeiro, os participantes disseram que o acesso a esses recursos na área de tecnologia, atualmente, é melhor do que nos “primórdios” da transformação digital no país. Tanto que o Brasil está entre os 10 países com mais unicórnios no mundo (o iFood já foi uma startup unicórnio antes de virar uma foodtech).

“Estamos vivendo uma jornada mágica. Há 15 anos, quantos eram os fundos estrangeiros ou brasileiros investindo no Brasil? Existiam quantas incubadoras ou aceleradoras? Quem falava a palavra ‘anjo’? Quantas pessoas eram incentivadas a trabalhar em uma startup? A resposta é: zero”, disse o executivo do iFood.

Mas ainda existem problemas que não podem ser varridos para debaixo do tapete, entre eles a baixa presença feminina entre os investidores e a criação de iniciativas de fomento e acesso ao capital para que ideias que surjam fora do eixo Sul-Sudeste consigam participar desse bolo.

Tecnologia para alavancar os pequenos negócios

Uma revolução tecnológica, segundo os participantes do painel, não pode ser feita única e exclusivamente pelos grandes atores do mercado. Para Barreto, o momento é positivo para os donos de pequenos e médios negócios que queiram se apoiar na tecnologia para crescer.

“A gente deslocou a tecnologia do hardware para o software”, disse o executivo, que enxerga nessa transição uma porta de entrada para que mais gente possa competir nesse mercado. “Isso explica o porquê de o Brasil ter um boom de startups e de empreendedorismo. Porque as pessoas que foram historicamente alijadas da opção de poder empreender agora acessam essas ferramentas e conseguem a partir delas pelo menos tentar.”

Para que toda essa mudança aconteça, Barreto finalizou sua participação dizendo que o país precisa de representantes na política que tenham compromisso com a aceleração do avanço da revolução digital. “A gente precisa de uma liderança nesse que efetivamente faça a gente acreditar que é possível mudar o Brasil por meio da tecnologia e tirar o século de atraso que temos em diferentes aspectos.”

Esse conteúdo foi útil para você?
SimNão

Publicações relacionadas