Insegurança alimentar: entenda o que é, causas e como combater

Para a melhor compreensão do que significa insegurança alimentar, é preciso antes entender a sua definição. Confira o que é, principais causas e ações que podem ajudar a combatê-la.

Uma pauta ainda preocupante no mundo, a insegurança alimentar assola mais de 70,3 milhões de pessoas somente aqui no Brasil, de acordo com a ONU, e é sempre uma discussão importante em declarações políticas nacionais e debates internacionais.

Isso porque pessoas nessa situação estão privadas do acesso regular e adequado a alimentos nutritivos considerados básicos para uma vida saudável, com dificuldades em obter alimentos de qualidade.

Esse triste cenário geralmente está relacionado a questões como pobreza e desigualdade social, desemprego e instabilidade econômica, eventos climáticos extremos como secas prolongadas e barreiras geográficas que limitam o acesso a alimentos.

Vale destacar, ainda, que, infelizmente, os impactos da insegurança alimentar vão além da simples falta de acesso à comida: problemas de saúde, riscos ao desenvolvimento infantil e crises humanitárias são todos problemas que, em muitos casos, se relacionam a essa realidade.

Falar sobre a insegurança alimentar é mais do que necessário e, indo além disso, é preciso investir cada vez mais em medidas de combate para ajudar o Brasil a sair do mapa da fome.

Isso porque fome e insegurança alimentar são temas correlacionados; no entanto, o segundo é mais abrangente, e traz à tona debates urgentes e atuais a respeito do enfrentamento do desperdício de alimentos, das desigualdades sociais e do acesso à alimentação saudável e completa em todos os sentidos.

O iFood acredita na importância de falar e alertar sobre esse assunto — e assume seu papel como empresa brasileira de trabalhar em medidas para reverter esse cenário.

Separamos abaixo um conteúdo para explicar mais sobre a insegurança alimentar, seus tipos e impactos, os principais desafios no nosso país dentro dessa discussão e, claro, o que fazer para combater.

Acompanhe abaixo e boa leitura!

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O que é insegurança alimentar?

A insegurança alimentar refere-se à falta de acesso regular e garantido a alimentos em quantidade suficiente e de qualidade adequada para uma vida saudável e ativa. 

A Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), de 15 de julho de 2006, define segurança alimentar como:

“Realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente. Mas sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde. Elas respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis”.

De acordo com dados da Agência Brasil, nosso país possui cerca de 7 milhões de lares onde as famílias convivem com a redução na quantidade de alimentos que consomem ou com a ruptura completa de seus padrões de alimentação — um caso de insegurança grave.

Infelizmente, a região do Pernambuco está entre uma das regiões líderes em insegurança alimentar e nutricional no território brasileiro, com 37,5% dos domicílios passando por esse problema, como destaca aqui o Diário de Pernambuco.

Qual é a diferença entre insegurança alimentar e fome?

Qual é a diferença entre fome e insegurança alimentar?

São dois conceitos diferentes. A fome é uma sensação física causada por um extremo desconforto por falta de alimento. 

Enquanto isso, a insegurança alimentar é um conceito que se refere à falta de acesso a uma alimentação de qualidade, seja por aspectos físicos, econômicos, políticos ou sociais. 

Por conta disso, pode acontecer inclusive com pessoas que têm acesso a alimentos todos os dias.

Portanto, a fome seria um dos sintomas da insegurança alimentar, assim como falta de acesso a alimentos saudáveis, incapacidade para comprar alimentos e a incerteza se terá uma próxima refeição.

Ainda, é desolador pensar que, atualmente, cerca de 783 milhões de pessoas no mundo estão passando fome, e desperdiçamos cerca de 1 bilhão de refeições por dia em todo o planeta.

Tipos de insegurança alimentar

O IBGE utiliza desde 2003 a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) para traçar diagnósticos da segurança alimentar nacional, assim como auxiliar no entendimento do conceito com estudos e novas classificações.

Em uma das classificações feitas pelo IBGE, essa situação é dividida em três graus, e assim utilizada para fornecer informações estratégicas na gestão de políticas públicas que identifiquem e quantifiquem os grupos pertencentes a estes quadros.

Leve

A insegurança alimentar leve refere-se a uma situação em que as pessoas têm preocupações pontuais ou ocasionais em relação ao acesso aos alimentos. 

Nesse contexto, as dificuldades podem estar relacionadas à quantidade, qualidade, variedade ou regularidade dos alimentos disponíveis para consumo.

É importante destacar que a insegurança alimentar leve geralmente não é uma condição crônica ou persistente, mas sim uma situação transitória que pode ser superada com estratégias de ajuste orçamentário, planejamento alimentar, busca de recursos adicionais ou suporte temporário de programas sociais ou comunitários de apoio alimentar. 

No entanto, se não for devidamente abordada, essa forma de insegurança alimentar pode evoluir para níveis mais graves caso persista por períodos prolongados.

Moderada

A insegurança alimentar moderada é um estágio mais acentuado em relação à insegurança alimentar leve e está associada a restrições mais significativas no acesso aos alimentos. 

Aqui, as pessoas enfrentam desafios mais persistentes em obter alimentos em quantidade suficiente e de qualidade adequada para atender às suas necessidades nutricionais e preferências alimentares.

A insegurança alimentar moderada pode afetar diversos grupos populacionais, incluindo crianças, idosos, pessoas com deficiência, trabalhadores informais, comunidades rurais e urbanas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. 

Para enfrentar esse desafio, são necessárias abordagens integradas que incluam políticas públicas de apoio, programas sociais de alimentação, educação nutricional, desenvolvimento econômico inclusivo e fortalecimento das redes de segurança alimentar e nutricional.

Grave

A insegurança alimentar grave é a forma mais extrema e preocupante de insegurança alimentar, caracterizada pela falta crônica e persistente de acesso a alimentos em quantidade suficiente e de qualidade adequada para atender às necessidades nutricionais básicas das pessoas.

Nesse estágio, a escassez de alimentos é severa, levando à desnutrição, fome e impactos significativos na saúde e no bem-estar das populações afetadas.

Quais as causas da insegurança alimentar?

Quais são as causas da insegurança alimentar?

Esse é um fenômeno decorrente de ordem socioeconômica, questões históricas e estruturais.

Para cada país, uma realidade diferente. O motivo pode variar entre muitas dimensões. No entanto, podemos citar entre as principais causas da insegurança alimentar estão:

  1. Desemprego;
  2. Crise econômica;
  3. Mudanças climáticas;
  4. Escassez de recursos;
  5. Problemas de abastecimento;
  6. Distribuição desigual de renda.

Quanto mais fatores-causa um país possui, maiores os índices de subalimentação e má nutrição e, consequentemente, a insegurança alimentar.

Segundo relatório da ONU levantado na pandemia de 2021, mas que é usado de referência até hoje, as causas mais impactantes para as nações são os conflitos, crises econômicas, e a alta desigualdade.

O Brasil é um dos principais produtores de alimento do mundo e o terceiro maior produtor de grãos, segundo o Summit Agro; no entanto, no país ainda crescem os números de famílias passando fome, principalmente, pela falta de acesso à comida (um sintoma da pobreza da população). 

Além disso, também pelo desperdício de alimentos: o Brasil é um dos países que mais desaproveita a sua produção, de acordo com o comitê de Oxford para alívio da fome.

Consequências da insegurança alimentar

As principais consequências da insegurança alimentar são os impactos para a saúde e o bem-estar do indivíduo. 

Isso porque, quando não temos acesso a alimentos nutritivos, corremos o risco de desenvolver alguns problemas, como a desnutrição e outras doenças. 

Além disso, no caso das crianças, a insegurança alimentar pode afetar o desenvolvimento físico e cognitivo, prejudicando, inclusive, o desenvolvimento nos estudos e o seu futuro.

A falta de acesso a alimentos frescos e saudáveis também pode contribuir para problemas de saúde crônicos, como obesidade, diabetes e doenças cardíacas. 

A insegurança alimentar também pode ter impactos sociais e econômicos negativos, aumentando a vulnerabilidade das comunidades e afetando a produtividade e a estabilidade econômica de regiões inteiras.

Cenário atual da insegurança alimentar no Brasil

causas da insegurança alimentar no brasil

A insegurança alimentar no Brasil chegou a 59,4% dos lares do país, de acordo com levantamento feito por pesquisadores da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB) em novembro e dezembro de 2020.

Quando observados dentro das classificações de insegurança alimentar, os dados da pesquisa apontam que 31,7% dos entrevistados estão em estado leve; 12,7% moderada e 15% grave.

Ao se fazer um recorte por regiões do país, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani 2019) aponta que as regiões Norte (61,4%) e Nordeste (59,7%) são as que mais sofrem com insegurança alimentar no Brasil.

Quais são os desafios para reduzir a insegurança alimentar no Brasil?

Os dados apontam que a situação brasileira é preocupante. Há sete anos, em 2014, a FAO anunciou em Relatório Anual sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo que o país havia saído do Mapa da Fome.

Na época, o Mapa, um grande documento organizado por critérios da ONU que investiga o cenário da fome no mundo , apontava que no Brasil o percentual de população em situação de subalimentação estava abaixo de 5%.

Hoje, no entanto, após mudanças nos critérios da produção deste documento, torna-se complexo afirmar se o Brasil está ou não de volta ao Mapa da Fome.

Entretanto, um estudo da Rede Penssan aponta que o índice de insegurança alimentar brasileiro grave (fome) chegou a 9% no final de 2020.

De lá pra cá, esse índice oscilou bastante e, atualmente, 64,2 milhões de lares passam por situações de insegurança alimentar em algum nível, de acordo com dados divulgados pelo jornal Folha de São Paulo.

Para combater a insegurança alimentar e a fome, é preciso ação diante das causas dos aumentos destes índices.

Como combater a insegurança alimentar?

como combater a insegurança alimentar?

Combater a insegurança alimentar é uma tarefa complexa que exige abordagens integradas e ação coordenada em diferentes níveis, desde políticas públicas até iniciativas locais e individuais. 

Aqui, algumas estratégias-chave para ajudar no enfrentamento da insegurança alimentar:

Promoção da agricultura sustentável

Investir em práticas agrícolas sustentáveis, como agricultura orgânica, agroecologia e diversificação de cultivos, é um caminho interessante para combater esse cenário.

Aqui, vale apoiar pequenos agricultores e agricultura familiar, fornecendo acesso a recursos, tecnologias e mercados, bem como incentivar a produção local de alimentos nutritivos e culturalmente relevantes.

Fortalecimento de programas sociais de alimentação

É importante também expandir e fortalecer programas de alimentação escolar, principalmente para garantir refeições nutritivas para crianças em idade escolar.

Nesse tópico, são outras boas alternativas a implementação de programas de distribuição de cestas básicas e refeitórios sociais para famílias em situação de vulnerabilidade.

Também, é válido apoiar iniciativas de segurança alimentar comunitária, como hortas comunitárias e bancos de alimentos.

Acesso universal aos serviços de saúde e nutrição

Como mencionamos, a insegurança alimentar vai além de somente a dificuldade ao acesso de alimentos: também é preciso garantir o acesso universal a serviços de saúde, incluindo cuidados nutricionais, prevenção e tratamento de doenças relacionadas à alimentação.

É preciso promover a educação nutricional nas escolas, comunidades e locais de trabalho, ensinando hábitos alimentares saudáveis e equilibrados.

Ainda, deve-se oferecer suplementação vitamínica e fortificação de alimentos, especialmente para grupos vulneráveis, como crianças e gestantes.

Desenvolvimento econômico inclusivo

Também faz parte do combate à insegurança alimentar a criação de oportunidades de emprego digno e renda adequada para que as pessoas possam comprar alimentos de qualidade.

Estamos falando de investir em educação, capacitação profissional e empreendedorismo para promover o desenvolvimento econômico inclusivo, bem como reduzir a desigualdade de renda e garantir proteção social para os mais vulneráveis.

Fortalecimento de parcerias e cooperação internacional

Estabelecer parcerias entre governos, organizações não governamentais, setor privado e sociedade civil para implementar estratégias integradas de combate à insegurança alimentar também entra na lista de medidas para reverter esse cenário.

É preciso cooperar internacionalmente para compartilhar conhecimentos, melhores práticas e recursos na área de segurança alimentar e nutricional.

Ainda, é fundamental apoiar iniciativas globais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que incluem metas relacionadas à erradicação da fome e promoção da segurança alimentar.

Redução do desperdício de alimentos

Essa é uma questão particularmente importante aqui no Brasil, e é preciso implementar medidas para reduzir o desperdício de alimentos em todas as etapas da cadeia alimentar, desde a produção até o consumo.

Também é válido incentivar práticas de aproveitamento integral dos alimentos, como uso de partes não convencionais, conservação e armazenamento adequados.

Quais ações o iFood tem realizado para combater a insegurança alimentar?

A sociedade civil e as instituições privadas podem fazer a sua parte ao combater o desperdício e criar soluções para o acesso a alimentos de qualidade a todos através da tecnologia.

Por exemplo, o iFood, empresa brasileira, uniu forças com a ONG Ação da Cidadania e empresas parceiras para redistribuir alimentos excedentes em uma série de ações de combate à fome.

O movimento chamado de Todos à Mesa busca conectar a iniciativa privada e organizações sociais para combater a insegurança alimentar e o desperdício.

Com centenas de toneladas de alimentos doados, pretende-se colocar cada mais em debate essa ação facilitada na Lei 14.016. Ela autoriza estabelecimentos que produzem alimentos a doá-los, dentro de condições ideais de conservação e consumo.

A cultura de doação pode contribuir no combate à insegurança alimentar de uma maneira mais horizontal. Em momentos de crise, doações de cunho assistencialista ganham visibilidade, mas elas precisam coexistir com estratégias que alcancem a estrutura do problema.

E a tecnologia se entrelaça às ações de combate à fome quando facilita doações e o acesso daqueles que precisam ao alimento. Em 2021, o iFood doou mais de R$ 7 milhões a partir de um modelo simples de doação no checkout.

Com apenas um clique, após realizar o seu pedido o cliente pode escolher um valor e doar para instituições parceiras. Além disso, vai envolver organizações sociais que trabalham com refeições solidárias, doações de cestas básicas e demais atividades.

O problema da insegurança alimentar é grande e responsabilidade de todos: governos, instituições públicas e privadas. Cobrar a estrutura principal, que é a economia estável e a diminuição da desigualdade. 

Assim, somando-se atitudes como a contenção do desperdício e uso da tecnologia são o ponto de partida para o combate à insegurança alimentar.

Reconhecemos a nossa responsabilidade de promover transformações significativas na sociedade — e convidamos você a saber mais sobre o nosso impacto social aqui.

O propósito do iFood é alimentar o futuro do mundo!

A insegurança alimentar é um desafio complexo que requer ações coordenadas e integradas em níveis local, nacional e global. 

Investir na segurança alimentar e nutricional é investir no bem-estar das pessoas, na redução das desigualdades e na construção de sociedades mais justas e sustentáveis. 

Cada um de nós tem um papel a desempenhar na busca por soluções para enfrentar a insegurança alimentar e garantir o direito de todos a uma alimentação adequada e saudável.

Junte-se ao iFood nessa! Para conferir mais informações sobre esse e outros temas de relevância social, e saber como ajudar, continue acessando o iFood News!

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