O desperdício de alimentos ao longo da cadeia da indústria alimentícia é um problema grave, complexo e que tem impactos econômicos, ambientais e sociais, como a insegurança alimentar.
Enquanto muita gente passa fome (33 milhões de pessoas só aqui no Brasil), muita comida é jogada no lixo. Um estudo publicado pela ONU (Organizações das Nações Unidas) em 2021 indica que 17% de todos os alimentos produzidos no mundo são jogados fora.
A doação de alimentos é uma das ações possíveis para mudar o cenário do desperdício e, por tabela, combater a insegurança alimentar e a fome. Aquilo que ainda está bom para o consumo e não foi vendido, comercializado ou sobrou depois do manuseio, pode parar no prato de quem precisa.
No Brasil, três startups estão promovendo o encontro de quem tem o que doar (ou vender) com quem pode receber (ou pagar por) esses alimentos.
Connecting Food
A Connecting Food é uma startup de impacto social que usa tecnologia para conectar alimentos que não têm mais valor comercial e que ainda podem ser consumidos a uma rede de organizações sociais que podem redistribuí-los para quem precisa.
Segundo a empresa, a doação de alimentos gera a seus clientes do varejo ou da indústria redução de custos na gestão de resíduos, otimização das operações, conscientização a respeito do desperdício de alimentos, captura de incentivos fiscais e melhora na gestão de estoque.
“Nós entramos dentro dessa rede de indústria, restaurantes e supermercados, olhamos o potencial de desperdício e onde está a ineficiência e conectamos o alimento com organizações sociais aptas a recebê-los”, diz Alcione Pereira, fundadora da Connecting Food.
A Connecting Food é uma das empresas que participam com o iFood do Movimento Todos à Mesa e é responsável pela inteligência na gestão e na redistribuição dos alimentos doados.
Food to Save
A Food to Save oferece três tipos de “sacolas surpresa” com alimentos que estão próximos da data de vencimento (ou vida útil), com um desconto de 70% em comparação ao preço usual. Os consumidores baixam um aplicativo e lá escolhem o estabelecimento onde querem comprar (restaurantes, padarias ou hortifruti) os itens excedentes para montar as sacolas e enviá-las a um novo destino.
“Muitos empresários preferem jogar fora [o alimento], porque pensam que vão ter uma dor de cabeça ao doá-lo ou vendê-lo mais barato”, diz Lucas Infante, um dos sócios da Food to Save ao Correio Braziliense.
Segundo a empresa, mais de 300 toneladas de alimentos foram salvos em vez de ir para um aterro sanitário e evitou-se a emissão de 750 toneladas de CO2. Segundo a Exame, estima-se que de 8 a 10% das emissões de gases do efeito estufa estão associadas aos alimentos que foram produzidos e não consumidos.
Comida Invisível
Comida Invisível é uma startup social que promove o encontro entre doadores e receptores de alimentos. Nela, pessoas físicas, além de ONGs e empresas, também podem acessar a plataforma de doações. A empresa é certificada pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura.
Além da redução do desperdício, a startup tem como objetivos melhorar a distribuição de alimentos e diminuir a emissão de gases do efeito estufa. Empresas doadoras podem contratar planos que trazem informações sobre como gerir melhor suas perdas e desperdício, além de salvar alimentos que não serão mais comercializados de irem para o lixo.
Para doar ou receber o alimento é preciso primeiro fazer um cadastro na plataforma da empresa, assinar um compromisso de responsabilidade e participar de um treinamento sobre segurança de alimentos.
Segundo matéria do site Consumidor Moderno, um alimento cadastrado no Comida Invisível leva 8 minutos para encontrar uma pessoa interessada. Até aqui, mais de 190 toneladas de alimentos foram doados por lá.
A startup tem ainda um braço educacional com cursos, receitas, informações e dicas de redução de desperdício de alimentos.