Cientista cria cimento carbono neutro a partir de microalgas

Descubra como um mergulho durante a lua de mel inspirou o pesquisador a desenvolver uma maneira de reduzir a emissão de gases poluentes na produção

Em sua viagem de lua de mel, Wil Srubar, cientista de materiais e professor na Universidade do Colorado (Estados Unidos), teve uma inspiração enquanto mergulhava no mar na Tailândia. Não foi nada romântico, mas pode tornar a produção do cimento mais sustentável, conta um artigo da Fast Company.

Nesse mergulho, ele estava observando um recife de corais e se deu conta de que as microalgas cultivam carbonato de cálcio, um componente essencial para a produção de cimento. Ou seja, elas poderiam ser uma matéria-prima para deixar a produção do material de construção (bem) mais limpa.

“Já vinha trabalhando com cimentos alternativos, mas só quando mergulhei é que comecei a pensar sobre como esses organismos, algas macro e microscópicas, desenvolvem essas estruturas. Tudo o que elas precisam é de luz do sol, água do mar e CO2”, diz o pesquisador (e, desde 2021, CEO da Minus Materials, a startup de biotecnologia responsável pelos primeiros testes da inovação).

O que ele descobriu foi que, se o calcário puder ser fabricado a partir das algas e capturar CO2 conforme elas crescem, parte desse processo se tornará neutro em carbono, explica a Fast Company. 

Isso é importante porque, segundo a publicação, a produção de cimento é responsável por 8% das emissões globais de CO2, o principal gás do efeito estufa. Uma parte vem do uso de energia para criar o material, e outra da química usada para obter o carbonato de cálcio a partir do aquecimento do calcário.

Cimento carbono neutro

Estima-se que o uso dessa fonte alternativa possa reduzir as emissões de poluentes em 60%, deixando uma pegada negativa, dependendo de outras mudanças no processo de fabricação, como o uso de energia limpa. Isso significa que o cimento de microalgas tem o potencial de capturar mais gás carbônico do que produz.

A busca por um cimento menos nocivo à natureza não é nova, e até já são conhecidas outras fontes alternativas de carbonato de cálcio. Mas, por enquanto, só a ideia de Wil resultou em um cimento Portland, o tipo mais comum utilizado na construção civil.

Outro benefício é o econômico. As algas podem servir como matéria-prima não só para o cimento, mas também para a indústria de alimentos, beleza e energia (biocombustível). 

“O que queremos demonstrar com nosso cultivo piloto em escala de teste é que este é um modelo replicável em qualquer lugar do mundo”, diz Wil.

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