Os gases de efeito estufa —como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O)— são sempre mencionados quando falamos em aquecimento global. Para evitar o aumento excessivo da temperatura da Terra, especialistas recomendam reduzir sua emissão. Nesse momento, surge uma dúvida: se nem podemos ver esses gases, como é possível medir sua presença na atmosfera com precisão?
Essa foi a questão levantada pelo podcast Short Wave, da NPR (National Public Radio, rede de rádio pública dos Estados Unidos). A repórter de ciência Rebecca Hersher foi atrás de especialistas para encontrar as respostas e descobriu quatro maneiras diferentes de medir a emissão de fontes diversas, como veículos, fábricas, navios e fazendas —descubra, a seguir, quais são elas.
Sensores em fontes concentradas
A melhor maneira de medir as emissões de fontes concentradas, como veículos, fábricas e até churrasqueiras, é conectar um sensor ao tubo de escape do gás e medir o que sai de lá, explica ao programa Kent Johnson, professor da Universidade da Califórnia e pesquisador do tema. “Tudo o que queima e gera emissões, nós medimos”, diz.
Mas, para saber quanto cada atividade emite como um todo, é preciso usar modelos de computação que fazem o cálculo levando em conta as estimativas de quantos carros e caminhões estão na estrada, por exemplo.
Cálculo de consumo de combustível
Colocar um sensor no escape é uma solução que não serve, por exemplo, para medir quanto gás carbônico é liberado por navios de transporte, que fazem longas viagens. “O ambiente do navio é muito desafiador: está quente, ele está no mar e balança”, explica Bryan Comer, que estuda emissões no International Council on Clean Transportation (Conselho Internacional de Transporte Limpo).
A saída é simples: descobrir quanto combustível é fornecido aos navios e calcular a emissão de CO2 a partir desse volume. “Sabendo quanto combustível o navio está consumindo, é possível dizer, com bastante precisão, qual é o teor de gás carbônico liberado”, diz Bryan. “Combustíveis marítimos emitem de 3,1 a 3,2 toneladas de dióxido de carbono por tonelada. Ao todo, a indústria global de transporte marítimo está emitindo cerca de um bilhão de toneladas de dióxido de carbono a cada ano.”
“Baldinho” no solo
As fazendas também são fontes de gases de efeito estufa: ao revirar o solo para o cultivo ou cortar árvores, dióxido de carbono é liberado na atmosfera —as plantas removidas, aliás, reduzem a capacidade de aquela área retirar CO2 do ambiente na fotossíntese.
“Com aplicação de fertilizantes, práticas de manejo ou pecuária e limpeza de terras, a agricultura contribui com cerca de 25% das emissões globais de gases de efeito estufa”, afirma Ben Houlton, cientista ambiental e reitor da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida da Universidade de Cornell.
Como isso é medido? “Imagine que você tem um balde de 7,5 litros e vira ele sobre o solo e que está tentando capturar os gases emitidos por criaturas microscópicas e pelas plantas”, propõe Ben. “Então você pega o que coletou e mede quanto dióxido de carbono ou outros gases de efeito estufa foram liberados”, completa. Com esse número em mãos, dá para calcular quanto foi liberado em um metro quadrado e na área toda da fazenda.
Torres e satélites
Nas plantações mais extensas, existe uma tecnologia mais sofisticada para fazer esse cálculo. Nesse caso, torres podem medir as emissões de áreas maiores de terra usando sensores infravermelhos que são capazes de cobrir um espaço do tamanho de dez campos de futebol, aponta Ben. E, com o uso de satélites, dá para ter uma imagem global das emissões de grandes plantações.
De lá do espaço, os satélites podem ter uma visão ainda mais ampla da terra toda. Esses aparelhos são capazes de visualizar a área coberta por árvores, por exemplo, enquanto um instrumento no solo aponta quanto dióxido de carbono está sendo emitido ou absorvido pelas plantas.
