Ocupação de espaços urbanos entra na agenda das corporações

Tema em alta quando se fala na busca por organizações mais sustentáveis, os pilares de ESG figuram, atualmente, como pontos de atenção na agenda das empresas. Dados do setor financeiro confirmam a tendência e apontam que as reflexões acerca de melhores práticas ambientais, sociais e de governança não são um fenômeno passageiro.

Lá fora, estudos da Aliança Global de Investimento Sustentável (Global Sustainable Investment Alliance) apontam crescimento mundial do chamado “mercado sustentável”, que hoje soma mais de US$30 trilhões em ativos — um aumento de 34% em relação aos dados obtidos em 2016. Por aqui, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (2020), há atualmente cerca de R$543 milhões aplicados em fundos de ações sustentáveis — um crescimento de 29% em relação a junho de 2019.

Para as empresas, um dos principais temas de debate é a ocupação dos espaços urbanos. Localizadas em grandes áreas urbanas, apontadas como responsáveis por 70% da emissão de gases nocivos (estimativa do Banco de Dados de Emissões para a Pesquisa Atmosférica Global), grandes companhias têm se preocupado em propor novas reflexões que visem à diminuição do impacto de suas operações no meio ambiente.

“Quando pensamos no clima, uma agenda sobre o assunto mostra-se necessária, e os estados passam a tratar isso com maior velocidade, entendendo que as cidades são elementos-chave para essa mudança”, afirmou Inamara Melo, da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco durante o evento Summit Tembici 2021, realizado no último dia 16 agosto, e referência em debates sobre mobilidade.

Segundo ela, a expectativa é de que, até o ano de 2050, cerca de 7 milhões de pessoas estejam morando nos centros urbanos. Para exemplificar, trouxe o caso do estado que representa. “Em Pernambuco, foram assumidos 17 compromissos, visando ao clima, revitalização dos centros das cidades e redução da desigualdade social”, pontuou. Para Inamara, este é um possível ponto de partida para as empresas que estejam em busca de alternativas para seus próprios objetivos relacionados à ESG.

Sustentabilidade em foco

Com o tema “O futuro é feito de cidades mais tecnológicas ou mais humanas?”, o Summit Tembici 2021 é um exemplo de como a discussão tem feito parte, cada vez mais, das agendas corporativas.

Entre os assuntos abordados na programação, esteve o painel “ESG: O que a responsabilidade corporativa tem a ver com o espaço urbano”, com a participação de André Borges, Head de Sustentabilidade do iFood.

“Em março, anunciamos nosso compromisso público com o meio ambiente por meio do iFood Regenera. Traçamos algumas metas. Uma delas é zerar a poluição plástica na operação do iFood até 2025; outra é repensar o material das embalagens, produzindo alternativas mais sustentáveis, à base de papel, por exemplo”, comentou Borges.

Segundo o executivo, o iFood vem buscando soluções para competir com os modelos plásticos, que dominam há tanto tempo o mercado de delivery e alimentação. Com a criação de uma funcionalidade no aplicativo, que permite ao cliente prescindir de talheres e outros descartáveis de plástico, já são mais de 31 milhões de pedidos livres desses itens.

“Estamos investindo em programas de reciclagem, contando com o número de 80 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs). Além disso, em nossas metas, queremos que o iFood seja uma empresa carbono-neutra e que tenha 53% das entregas feitas por modais não poluentes, como a bicicleta”, explicou.

Para Carol Rivas, Diretora de Relacionamento na Tembici, também presente no evento, o uso da bike traz não apenas um impacto ambiental positivo, como também social. Em sua fala, ela mencionou o projeto iFood Pedal, de bicicletas manuais e elétricas compartilhadas, destinado ao público de entregadores do aplicativo.

“Todo o projeto do iFood Pedal se deu com mais de 600 pesquisas feitas com os entregadores. Levamos em consideração três pilares: bikes elétricas exclusivas para entregadores cadastrados no iFood; Pontos de Apoio, que são bases de apoio onde eles podem, por exemplo, aguardar os pedidos e acessar banheiros; e um curso via WhatsApp – o iFood Responsa -, sobre segurança no trânsito, cuidados com COVID, entre outros temas”, contou.

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