“A fome e o desperdício de alimentos não podem coexistir”

André Borges, head de sustentabilidade do iFood, espera que o Todos à Mesa ganhe mais visibilidade após vencer o Prêmio ECO da Amcham e da Época Negócios

O debate sobre a piora da insegurança alimentar no Brasil contempla uma contradição: como pode um dos maiores produtores e exportadores de alimentos ter 33 milhões de pessoas (ou 15,5% da população) passando fome? Nesse cenário, combater o desperdício doando alimentos próprios para consumo é uma das ações que podem ajudar a reverter o jogo.

Esse é o objetivo do Todos à Mesa, a primeira coalizão brasileira de empresas e organizações para reduzir os impactos da fome do Brasil. Criada em outubro de 2021, ela atua na redução do desperdício de comida fortalecendo as redes de redistribuição e aumentando a conscientização sobre o tema, além de estimular um ambiente regulatório favorável à doação de alimentos. 

Em menos de um ano, o movimento já doou mais de 4.000 toneladas de alimento para organizações e bancos de alimentos de 19 estados. Em julho de 2022, a iniciativa foi reconhecida com o prêmio ECO Brasil 2022 na modalidade Práticas de Sustentabilidade da categoria de Processos para Grandes Empresas.

“A fome e o desperdício de alimentos não podem coexistir”, afirma André Borges, head de sustentabilidade do iFood, que faz parte da coalizão. “Esse reconhecimento mostra que estamos no caminho certo e que há um entendimento da sociedade de que a fome e a insegurança alimentar são problemas graves. Mais de 30 milhões de brasileiros passam fome e, do outro lado da balança, um terço dos alimentos é desperdiçado na cadeia produtiva.”


O prêmio, acredita Borges, pode ser um importante atrativo para que mais empresas do setor de alimentos, em especial a indústria e a rede varejista, também entrem no movimento. Hoje, o Todos à Mesa tem dez integrantes (iFood, Bauducco, Camil, Carrefour, Danone, DPA, Lopes Supermercados, M. Dias Branco, Nestlé e Connecting Food). “Até setembro de 2022, esperamos estar com pelo menos 25 grandes empresas dentro do Movimento. Com mais participantes, temos mais volume de alimentos sendo doados hoje, e ganhamos mais força para acelerar o impacto coletivo do movimento”, afirma.

Para aderir ao Todos à Mesa, basta entrar em contato pelo formulário presente no site do movimento (www.todosamesabrasil.com.br). Lá é possível saber o que pode ser doado, quem pode doar e quem pode receber o alimento que não vai mais para o lixo. 

Todo o processo é feito pelas próprias empresas, incluindo a separação do que será repassado  e a logística. Os integrantes do grupo contam com o apoio da Connecting Food para encontrar a instituição credenciada para receber as doações.

“O movimento tem uma característica de trabalhar pilares para mudar o ambiente legal das doações de alimentos e na redução de desperdício de alimentos no país — e essas são medidas geralmente a médio e longo prazo — mas ao mesmo tempo provê no hoje, no agora, que esses alimentos cheguem até as pessoas em situação de altíssima vulnerabilidade social”, diz Alcione Pereira, CEO da Connecting Food.”A redistribuição de alimentos é uma estratégia mundial para o combate à fome, principalmente essa fome imediata”.

Outras iniciativas de combate a insegurança alimentar

Além de integrar o Todos à Mesa, o iFood conta com outras frentes de combate à fome e o desperdício de alimentos, como a horta escolar, presente em cinco escolas da Grande S.Paulo, a horta em sua sede, que doa sua produção para o banco de alimentos de Osasco (SP), e as doações em dinheiro realizadas pelo app do iFood para cinco ONGs que atuam com o objetivo de levar comida para quem não tem acesso.

Nos últimos dois anos, a empresa arrecadou e repassou mais de R$ 25 milhões em doações para instituições como Gerando Falcões, Ação da Cidadania, CUFA, Gastromotiva e Orgânicos Solidários. “O cenário da fome é horroroso e o iFood tem muita capacidade para contribuir para a mudança. Nenhuma plataforma tem uma capilaridade de restaurantes e mercados como a nossa”, conclui Borges. 

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